1 Introdução

Historicamente, os museus atuaram como centros de guarda do patrimônio cultural de diferentes sociedades e na produção e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos. A literatura aponta quatro gerações de museus: a primeira, focada na história natural; a segunda na ciência e indústria; a terceira, em fenômenos e conceitos científicos; e a quarta, na interação com a sociedade, educação ambiental e divulgação científica [McManus, 1992; Cazelli et al., 2003; Sabbatini, 2009]. Contudo, essa sucessão de gerações não deve ser analisada de maneira rígida, com divisões cronológicas estanques entre uma e outra, mas sim de maneira mais fluída, tendo em vista que elas apresentam intersecções e sobreposições entre si [McManus, 1992].

A origem dos museus remonta aos gabinetes de curiosidades dos séculos XVI e XVII, marcados por coleções privadas de objetos raros ou exóticos. Com o avanço das ciências naturais e sistemas de classificação com o de Lineu, essas coleções adquiriram caráter e estabeleceram relações com as universidades. Era característico dessa primeira geração de museus a valorização da ciência e a pesquisa, com função educativa limitada e o público ocupava uma posição periférica no projeto museológico. No entanto, a partir da segunda metade do século XX, passaram a incorporar novas funções educacionais e comunicacionais, adaptando-se às mudanças sociais e científicas, mas mantiveram o foco inicial em pesquisa e exposição, sem ênfase em experiências participativas [McManus, 1992; Cazelli et al., 2003].

Após a Segunda Guerra Mundial, o campo museológico se reconfigurou em nível internacional, destacando a complexificação da função educativa dos museus. No Brasil, esse processo ganhou força com a valorização da mediação entre sujeito e patrimônio, em detrimento de uma visão centrada exclusivamente nas coleções. A educação museal passou a ser concebida como uma prática social articulada e processual, desenvolvida por diferentes atores e voltada à construção de sentidos sobre o passado para as gerações futuras, contribuindo com fortalecimento do papel social dos museus na contemporaneidade [Passamani & Faria, 2020].

No âmbito regional isso também se manifesta. O Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML) foi fundado no município de Santa Teresa, estado do Espírito Santo, pelo naturalista Augusto Ruschi (1915–1986), em 26 de junho de 1949. Tratava-se de um instituto particular de pesquisa científica pura e aplicada — o primeiro do estado — sobre fauna e flora do Brasil, com destaque para a natureza local e regional. Após 34 anos como instituição privada, o MBML passou o poder público federal em 1983, vinculando-se à Fundação Nacional Pró-memória (FNPM), órgão do antigo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Em 2014, o MBML foi transferido para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tornando-se a sede do Instituto Nacional da Mata Atlântica — INMA [Gonçalves, 2019; Sevilha, 2023].

O MBML refletia a centralidade da função científica, característica dos museus de história natural. Contudo, não pode ser classificado rigidamente como “museu de primeira geração”, pois foi fundado num contexto de valorização crescente da função educativa [Cazelli et al., 2003; Seibel-Machado, 2009; Passamani & Faria, 2020]. Embora existam desde o século XVIII, os museus de ciências têm ampliado sua função educativa, alinhando-se à divulgação científica e à formação escolar [Valente et al., 2005; Krasilchik, 2019]. Nessa perspectiva, os museus são considerados espaços não formais de educação, por serem entendidos como ambientes diferentes da escola, onde acontecem processos de aprendizagem, sendo ambientes regulamentados, com estrutura física e equipe técnica voltadas à educação [Marandino, 2005; Jacobucci, 2008]. Compreender esse papel envolve analisar os conhecimentos trabalhados, os discursos expositivos, as estratégias de mediação e o perfil do público, seja espontâneo ou agendado. Pesquisas como as de Studart [2005], Cabral e Guimarães [2020] e Mano et al. [2022] destacam a importância de caracterizar e atualizar o perfil dos visitantes e compreender suas motivações.

Diante disso, questionamos: Como e quando o MBML, originalmente destinado à pesquisa, tornou-se também um espaço reconhecido de educação? Neste artigo, buscamos acompanhar a trajetória do MBML como instituição de produção científica que passou a receber visitação pública, num recorte temporal de 1949–2023, a fim de compreender como a sua gestão, primeiro privada, depois pública, influenciaram (ou não) seu papel como espaço não formal de educação e sua relação com a sociedade, para além de uma simples atração turística. Adicionalmente, buscamos analisar quais eram os objetivos das escolas e outras instituições em agendar visitas guiadas a esse espaço.

2 Metodologia

A nossa pesquisa é qualitativa, buscando explorar e descrever a história da visitação pública ao MBML [Gil, 2017], estruturada em duas frentes: (i) análise histórica por meio de levantamento bibliográfico e documental [Gil, 2017]; (ii) categorização dos objetivos de visitas agendadas por escolas ao MBML [Fontoura, 2011]. O levantamento bibliográfico foi realizado pelo Google Acadêmico, identificando artigos, monografias e dissertações sobre a temática educacional do MMBL ou INMA.

A pesquisa documental baseou-se na análise de fontes primárias [Cechinel et al., 2016] do Arquivo Augusto Ruschi (AAR-INMA), identificando quem visitava o museu no período 1949–1983. Após esse período, a análise considerou artigos sobre o MBML, documentos do Arquivo do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (AMBML) e online, no site do INMA e da Sociedade dos Amigos do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (SAMBIO). Segundo Barros [2019], há diversos tipos de fontes históricas primárias, variando conforme seu tipo de suporte e linguagem. Nosso trabalho se apoia em “fontes de conteúdo”, isto é, documentos textuais e iconográficos contendo informações sobre fatos, personagens e processos históricos. Foram analisados cerca de 500 documentos de arquivo: cartas, ofícios, relatórios gerais e do termo de compromisso de gestão, recortes de jornal, boletim do MBML, estatutos, regimentos internos, portarias, orçamentos e planos de aplicação de verba.

Quanto à análise dos objetivos de visita, utilizamos as planilhas de registro dos agendamentos dos anos de 2022 e 2023, elaboradas pela equipe de recepção do MBML/INMA a partir do formulário online de solicitação de visita, que reúne: nome da instituição interessada, sua natureza jurídica (se privada ou pública), o tipo de atividade que desenvolve, total de visitantes e responsáveis, faixa etária, endereço, objetivo da visita e contatos.1

Após identificar os objetivos, eles foram agrupados por temas, gerando categorias de acordo com a proposta de tematização de Fontoura [2011], que recomenda a observação das seguintes etapas: (a) organização dos dados (no caso em tela, as planilhas); (b) leitura atenta de todo o material coletado; (c) delimitação do corpus de análise, com recorte das unidades de registro (frases presentes nos objetivos declarados); (d) levantamento de temas a partir do agrupamento dessas unidades de registro; (e) definição das unidades de contexto, ou seja, trechos (os objetivos) mais amplos que permitiram justificar a escolha dos temas e auxiliaram na sua compreensão; (f) separação dessas unidades de contexto; e (g) interpretação dos dados à luz dos referenciais teóricos adotados. A partir dessa sistematização, os objetivos de visitação foram lidos, agrupados e organizados conforme ideias-chave recorrentes. Para cada agrupamento, foram identificados temas, os quais originaram categorias de análise vinculadas aos sentidos atribuídos pelas instituições à visita ao MBML.

3 Resultados e discussão

3.1 Histórico e características da visitação pública ao MBML

A literatura aponta que a abertura do parque zoobotânico do MBML à visitação pública ocorreu em 1987 [Pietre, 2015], reproduzida por Roldi [2017] e Rocon [2017] com base, provavelmente, no relato do então diretor, José Tabacow, que geriu o MBML por nove anos, após falecimento de Augusto Ruschi. Segundo ele “o museu funcionava como instituição particular, sem visitação, sem acesso franco de pesquisadores”.2 No entanto, segundo o próprio Ruschi [1976, 1979, 1984], desde 1949 o museu era aberto regularmente ao público, às quintas-feiras, das 8h às 11h e das 13h às 16h, informação fixada no portão de entrada (Figura 1), exceto no período de reprodução de espécies raras e em vias de extinção.

PIC

Figura 1: Placa de aviso sobre visitas ao parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. Fonte: André B. Galvão (foto); AAR-INMA.

Ainda segundo Ruschi, a visitação teria sido interrompida a partir de 3 de novembro de 1976, após atos de depredações ocorridas no parque que afetaram coleções botânica, zoológica e o andamento de pesquisas com animais raros.3 A situação se agravou com a enchente de 1979, quando inundou a cidade. Dentro do museu, o cenário era desolador: na casa de hóspedes, pavilhão de botânica e nos viveiros a água atingiu um metro de altura, resultando na morte de aves de solo e na perda de mais de 20.000 exsicatas catalogadas.4

Desde então, a visitação ficou restrita mediante agendamento. Por isso, quando Tabacow chegou ao MBML para assumir a direção, a instituição estava realmente fechada à livre visitação há 10 anos, limitando-se ao cumprimento de seu objetivo primordial — a pesquisa científica. Os estatutos do MBML desde 1955 — o primeiro — até a reformulação de 1987, a visitação pública não foi abordada diretamente, o que evidencia que o museu foi idealizado, principalmente, para fins de pesquisa. No entanto, o capítulo IV do referido estatuto, estavam previstas ações educativas com o público, por meio de cursos e conferências, a fim de promover o ensino científico. Os assuntos versariam sobre temas referentes às linhas de pesquisa do MBML: 1- Zoologia, 2- Botânica, 3- Geologia, Mineralogia e Paleontologia e 4- Antropologia, Etnologia e Arqueologia.5

As visitas, em geral, eram conduzidas pelo parque e suas estruturas, como os viveiros, estufas, laboratórios, biblioteca, onde Ruschi e Maria Claide Campos Ruschi, sua esposa, apresentavam a diversidade biológica e as pesquisas em andamento, principalmente se esses visitantes realizavam algum tipo de agendamento. Alguns roteiros eram enriquecidos por cursos e palestras, especialmente quando se tratava de grupos, comitivas ou expedições de visitantes considerados ilustres (Figura 2). Quando recebia personalidades de destaque social, político ou científico, Ruschi costumava realizar plantios de árvores6 pelo parque e, por vezes, convidava a imprensa para cobrir as atividades, normalmente acompanhadas de discursos e/ou palestras, transformando-as em verdadeiros eventos cívicos. Exemplo disso foi o plantio de um jacarandá pela primeira-dama do país, Lucy Geisel, realizado em junho de 1976 com grande repercussão midiática.7

De 1953 a 1976 foram plantadas 45 árvores (Figura 3A), algumas delas por cientistas, como Gustavo Barroso e Aloysio de Mello Leitão; embaixadores, como Assis Chateaubriand (Figura 3B), Herbet Dittmann (Alemanha) e Lincoln Gordon (EUA); empresários, políticos e representantes da realeza, como o príncipe Charles de Luxemburgo (Figura 3C) [Ruschi, 1976]. Além de político, essas ações apresentavam um caráter pedagógico, uma vez que tinham o propósito de sensibilizar a sociedade em relação aos cuidados com a natureza. O museu também recebia alunos da educação básica, de universidades, representantes do judiciário, e, principalmente, estrangeiros.

Em correspondência com seu amigo Fernando Eduard Lee, um dos maiores financiadores das atividades do MBML [Gonçalves, 2019], Ruschi comentou a visita do embaixador e embaixatriz da Dinamarca, bem como do ex-ministro Hélio Beltrão e do governador do Espírito Santo: “Assim, vai vendo que a cada dia mais cresce o número de visitantes no âmbito do Museu”.8

PIC

Figura 2: Ofício de agradecimento pela recepção de Ruschi, em 1971, enviado pelo presidente da Associação Espírito-Santense do Ministério Público Fonte: Arquivo Augusto Ruschi.

PIC

Figura 3: Augusto Ruschi e as atividades com visitantes ilustres. Legenda: (A) Mapa do parque do MBML com identificação das árvores plantadas. (B) Augusto Ruschi recepcionando o Príncipe Charles de Luxemburgo, em 1964. (C) Assis Chateaubriand Bandeira de Mello plantando uma muda de pau-brasil, em 1956. Fonte: AAR-INMA; Ruschi [1976].

Vemos aqui uma característica pontuada por Passamani e Faria [2020] quando destacam que, de forma direta ou indireta, a educação esteve presente na constituição dos museus no Brasil. Naturalistas e cientistas não apenas organizavam coleções, mas também promoviam exposições, cursos e materiais didáticos para escolas públicas, alinhados ao espírito cientificista e positivista da época. Um marco dessa trajetória foi a criação do primeiro setor educativo museal no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que desde o século XIX organizava suas coleções com fins pedagógicos, adotando o “ensinamento intuitivo” como base para ações educativas posteriores [Passamani & Faria, 2020; Canedo et al., 2024]. Embora Ruschi não tenha criado um setor educativo no MBML, os cursos, palestras e visitas já representavam a aproximação entre ciência e sociedade.

Percebemos, assim, a importância atribuída por Ruschi a um determinado tipo de visitante. Para outros visitantes, não era fácil agendar visitas ao museu, uma vez que elas dependiam da presença de Ruschi e essa exigência conflitava com a sua agenda movimentada. Além disso, não havia infraestrutura e recursos humanos adequados para atender o público de maneira ampla e sistemática, tais como “cicerone” — isto é, recepcionista -, porteiro e guardas, “motivo esse suficiente para que só sejam permitidas visitas, quando esteja pessoalmente presente”.9

Ademais, a inexistência de uma separação entre áreas para visitação e áreas para estudos implicava na limitação do número de visitantes por grupo. Por isso, grupos escolares eram restritos a no máximo 25 alunos, acompanhados de três professores, a fim de não prejudicar as atividades de pesquisa.10 Pietre [2015] acrescenta o receio do Ruschi de danos às áreas em reflorestamento. Desse modo, havendo incompatibilidade entre o desenvolvimento de pesquisas e a recepção de visitantes, Ruschi privilegiaria o primeiro. Somente a partir da década de 1980, com mais funcionários e pesquisadores, as monitorias, palestras e cursos tiveram outros ajudantes e responsáveis.

Notamos, ainda, que tanto a relevância turística do MBML quanto as deficiências infraestruturais para a recepção de visitantes foram utilizadas por Ruschi como argumentos para solicitar recursos públicos. Em 1958, ao enviar um plano de aplicação de verba ao deputado Mário Martins, Ruschi destacou que o museu já havia recebido 43.371 visitantes até 1957, qualificando-o como ponto turístico. A repercussão de suas atividades também contribuiu para seu reconhecimento como instituição de utilidade pública municipal (1952) e estadual (1956).

Em busca de apoio, Ruschi frequentemente acionava o poder público estadual. Em 1961, Ruschi solicitou dinheiro dos cofres estaduais argumentando, entre outros, que o MBML mantinha intercâmbio cultural e científico com instituições nacionais e estrangeiras e, com isso, contribuía fortemente para divulgação científica e valorização do patrimônio natural do Espírito Santo.11 Já em 1969, ele propôs um convênio entre o MBML e a Secretaria Estadual de Educação e Cultura, destacando que o museu era o único instituto de pesquisa científico-biológicas do estado e de suas coleções biológicas constituírem um patrimônio de importância científica e cultural — tudo isso em um contexto de aumento do fluxo turístico na cidade após a construção da rodovia Vitória-Santa Teresa, que levou o museu a receber 20 mil visitantes até abril daquele ano.12

Assim, para abertura franca do MBML à visitação pública, sem prejudicar as atividades de pesquisa, precisaria de guardas noturnos, recepcionista para acompanhar os grupos, porteiro, uma guarita e dependências sanitárias para os visitantes.

Sem tais providências, nada poderá fazer essa diretoria, a fim de que não seja prejudicado o andamento das pesquisas científicas, que sem dúvida estão a exigir cada vez mais de seu pessoal, se atenções foram voltadas para o público visitante, que não deixa de merecer, dado a cumprimento de desenvolver o plano cultural previsto no Governo de V. Exa.13

Em meados da década 1970, cresceu a pressão social, especialmente em Santa Teresa, para que Ruschi abrisse o MBML à visitação pública diariamente, principalmente nos fins de semana.14 Em 8 de julho de 1975, uma reunião entre Ruschi, Élcio Álvares, governador do Espírito Santo, e Hélio Rodrigues, presidente da Empresa Capixaba de Turismo (EMCATUR), definiu que o MBML seria aberto diariamente, exceto às segundas-feiras, ficando cargo da EMCATUR a coordenação de suas atividades turísticas.15 Com isso, o MBML começou a ser apropriado pelo poder público como um espaço de lazer e ponto turístico estadual, embora ainda fosse uma instituição particular eminentemente dedicada à pesquisa.

Na imprensa capixaba, lia-se “as resistências do ornitólogo Augusto Ruschi vão sendo vencidas, uma a uma", e que o “museu dos colibris”, antes “estranhamente aberto somente às quintas-feiras”, passava a atender turistas diariamente, incluindo sábados e domingos,16 refletindo o desejo da sociedade por espaços de lazer e pontos turísticos.

O projeto com a EMCATUR visava ampliar o museu, prevendo a construção de um salão, jirau, auditório, bar, laboratório, biblioteca e local para projeções audiovisuais, com um investimento previsto de Cr$6 milhões de cruzeiros. A EMCATUR seria a “porta” de entrada, iniciadora do processo de transferência, não sabendo ainda qual setor da administração estadual ficaria com o controle do museu. Segundo, Carlos Eduardo Gouveia, da FNPM, um dos responsáveis pelo projeto, informou que estava sendo providenciada uma equipe de vigilância “para manter a ordem e preservar o acervo do museu”,17 considerado de grande importância ecológica, constituída por muitas coleções vivas e por isso “não pode ser aberto ao público de forma indiscriminada e sem vigilância eficiente".18

Esse movimento não surtiu o efeito esperado, visto que, em 1976, Ruschi suspendeu a visitação, como mencionado anteriormente. Contudo, esse processo de reestruturação para atendimento ao público volta à pauta após a federalização do MBML, em 5 de dezembro de 1983, mediante novas pressões sociais.19 Sob a administração federal, as pessoas e instituições começaram a pressionar o MBML por acesso e retorno social, de maneira mais intensa, levando a FNPM a investir na reabertura do parque à ampla visitação. Partindo de uma análise mais ampla, esse movimento estava alinhado às transformações dos museus nas décadas de 1980 e 1990, quando passaram a priorizar o público — especialmente o escolar — e intensificaram suas ações educativas e de divulgação científica [Cazelli et al., 2003].

Esse movimento acompanhou uma reconfiguração do papel social dos museus e o fortalecimento da função educativa como dimensão estratégica de atuação. Apesar de pioneirismo da Seção de Assistência ao Ensino (SAE) do Museu Nacional/UFRJ, criada ainda nos anos 1920 em diálogo com reformas educacionais modernas [Seibel-Machado, 2009], a institucionalização de setores educativos em museus brasileiros foi um processo lento e desigual. Muitos museus, como o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Museu Paulista da USP, formalizaram seus setores apenas nas décadas de 1980 e 2000, respectivamente, evidenciando o quanto a valorização da educação museal dependeu da articulação com políticas públicas e da crescente demanda por inclusão social e democratização do acesso ao conhecimento científico e cultural [Canedo & Costa, 2024]. A nova realidade do MBML suscitou outras indagações sobre a (re)abertura para a visitação pública espontânea. Em uma discussão na Câmara Municipal de Santa Teresa, em abril de 1985, a vereadora Maria Cleuza Fardim Magalhães defendeu que

(1) a abertura ao público local, sem caráter discriminatório, visando especialmente a clientela constituída pelas nossas crianças, seria investimento profícuo para o futuro, realmente, poucos são os que — como filhos e residentes desta terra — tiveram até hoje a chance de visitar as dependências do MBML e, os poucos que fizeram não devem ter tido a oportunidade de conhecer o seu acervo. (2) A abertura rotineira do MBML à visitação não só o integraria à comunidade, mas poderia redundar em que o próprio povo desta comunidade fosse, futuramente, os próprios guardiões de seu patrimônio cultural. Neste sentido, lembramos que a visitação pública ao MBML tem sido permitida […] a pessoas de outros estados e a estrangeiro, em detrimento da nossa população local.20

Na continuação do discurso, a vereadora defendeu que a transferência do MBML para a FNPM deveria despertar nas mentes dos teresenses o dever cívico de lutar pela sua integração à comunidade brasileira e, principalmente a de Santa Teresa, como um verdadeiro bem público, conscientemente adquirido e doado pelo governo federal às gerações atuais e futuras. Diante da repercussão local, o diretor do MBML teve que explicar o ocorrido ao diretor executivo da FNPM, Irapoan Cavalcanti. Segundo ele, o então diretor-secretário do museu, Pedro José de Almeida, teria passado informações falsas à vereadora, além de caluniá-lo [Sevilha, 2023]. Além disso,

[…] não é verdade que se não está recebendo visitantes, pois tanto estrangeiros como conterrâneos brasileiros de todos os estados têm vindo e têm sido recebidos e informados de tudo que nos solicitam. Naturalmente só estamos recebendo visitação de grupos de pessoas, como missões de Embaixadas, colegiais, escolares e associações com prévia solicitação por escrito, para facilitar a data de pessoal disponível do Museu, já que não temos ainda CICERONES e também devido a falta de Infraestrutura em nossas dependências. […] Só para comprovar a visitação pública, registramos as visitas de colégios de Colatina, de Castelo, de Ibiraçu, de Linhares, num total de mais de 600 pessoas, durante os meses de dezembro de 1983, fevereiro, abril e maio de 1984; a oficialidade de clube de militares de adidos às embaixadas estrangeiras acreditadas no Brasil, vindos de Brasília, em julho 1984; 40 engenheiros japoneses, por solicitação prévia do presidente a CST [Companhia Siderúrgica de Tubarão], no mês de agosto e tantas outras comitivas e muitas autoridades, como cônsules gerais da Itália, Inglaterra, escritores como Gilberto Freire, Rubens Braga e Rede de Televisão, como a TV Manchete, Globo TV, e ainda a TV Italiana RAI, tudo somado só em 1984, mais de dois mil visitantes, conforme se pode ver no livro de visitantes.21

Como justificativa ao legislativo municipal, o vereador Alcir Evangelista do Reis reproduziu na Câmara praticamente os mesmos argumentos utilizados por Ruschi, acrescentando que o cientista teria proposto à direção da FNPM, ainda em dezembro de 1983, a reforma e ampliação da infraestrutura para sua franquia ao público visitante, especialmente para atender ao turismo internacional, além de ações educativas, como cursos e conferências.22

Vemos agora um retorno da pauta iniciada em 1975, com a previsão de reabertura do parque do MBML para o fim desse mesmo ano. Contudo, o grave estado de saúde de Augusto Ruschi, que culminou com o seu falecimento em 03 de junho de 1986, retardou a (re)abertura. Ela só aconteceu em 1987, já sob a direção de José Tabacow, e ficou gravada na memória social recente como o momento inaugural de abertura do parque à visitação pública. Foi neste ano que o MBML passou a ter um novo regimento e um setor educativo, a Divisão Educativa e Cultural, com a incumbência de garantir a visitação ao acervo, dentro de condições adequadas; desenvolver programas de visitas de escolas de primeiro e segundo grau; criar a programação anual de eventos relacionados com a cultura, meio ambiente e suas interlocuções no espaço cultural do museu23 Tabacow descreve seu período de gestão como muito fértil de aprendizado em novas áreas, principalmente em ecologia, mas também devidos aos eventos, exposições, encontros, seminários e diversas atividades na área de educação ambiental.24 Dessa forma, percebemos uma preocupação maior com o público visitante. A visitação a partir desse momento começa a acontecer de maneira mais estruturada, com protocolos de agendamento e equipe responsável.

Em 1992, o MBML torna-se um Polo de Educação Ambiental da Mata Atlântica,25 um programa estadual, que incentiva a visitação no museu e ampliava a visibilidade do museu [Pietre, 2015; Sevilha, 2023]. Assim, a partir da década de 1990, atividades de educação ambiental e divulgação científica ganharam destaque e a equipe responsável pela sua execução passou a trabalhar o tema da biodiversidade da Mata Atlântica com o público visitante. Isso contribuiu ainda mais para a caracterização do MBML como espaço de educação não formal e para visitação pública.

Com a constituição de 1988, os movimentos socioambientalistas a partir da década de 1990, especialmente com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), observamos um fortalecimento do movimento ambientalista, marcando um ponto de inflexão na forma como a conservação e a educação ambiental passaram a se articular, reconhecendo como um espaço de reflexão crítica e formação da consciência ambiental [Santilli, 2005]. Nesse cenário, o MBML, incorporou essa abordagem em suas práticas, desenvolvendo seu papel na conservação da biodiversidade, mas também na promoção de processos educativos para sensibilizar e engajar o público em torno da sustentabilidade e da proteção da Mata Atlântica.

Esse cenário foi propiciado com o apoio da Sociedade dos Amigos do Museu Prof. Mello Leitão (SAMBIO),26 criada em 1987 com o objetivo de contribuir para a conservação, preservação, aprimoramento e ampliação do patrimônio histórico, artístico, natural, paisagístico, científico e cultural do museu [Pietre, 2015; Roldi, 2017]. De acordo com Pietre [2015], a primeira década dos anos 2000 foi recheada de ações educativas, projetos internos e temáticos. Essas ações, de responsabilidade da gestão do MBML e da SAMBIO, buscavam manter alguns estagiários seja por voluntariado ou remuneração via projetos, como, por exemplo, o Projeto “BioAção Educação Ambiental”, o Projeto de “Popularização da Biodiversidade da Mata Atlântica em Santa Teresa-ES”, ambos com financiamento da prefeitura municipal, pelo menos de 2010 a 2015.

Pietre [2015] pontua que a participação da SAMBIO foi essencial para efetivar a organização da visitação pública e para as atividades de divulgação científica que aconteciam no parque. Com a consolidação do espaço físico e museológico visitável do MBML, a instituição alcançou maior notoriedade, atraindo olhares curiosos e propiciando “aos visitantes uma aproximação com a história de vida e luta de Augusto Ruschi, além de promover o principal discurso de sua vida: a proteção da natureza” [Pietre, 2015, p 49–50].

No contexto de promulgação da Política Nacional de Educação Ambiental, de 1999, e da Política Estadual de Educação Ambiental, de 2009, o MBML, em sua nova posição de Polo de Educação Ambiental da Mata Atlântica no Espírito Santo, foi definindo melhor suas funções educativas e de atendimento ao público. A monitoria de grupos acontecia de terça-feira à sexta-feira e esporadicamente nos finais de semana, o que se mantém até hoje, e para tal, a instituição interessada realizava o agendamento.

Essas modificações acompanharam, em grande medida, as transformações verificadas no próprio movimento brasileiro de educação museal e no processo histórico de apropriação social dos museus. Segundo Passamani e Faria [2020], a educação museal no Brasil passou por, pelo menos, três momentos decisivos aos longo do século XX: os debates internacionais mediados pela UNESCO e o ICOM nos anos 1950; a consolidação da Educação Patrimonial nas décadas de 1980 e 1990 como política pública conduzida pelo IPHAN; e, recentemente, a formulação participativa da Política Nacional de Educação Museal (PNEM), oficializada em 2017.

Esses marcos demonstram um movimento progressivo de valorização da função educativa dos museus, com crescente articulação entre museus, escolas e comunidades, evidenciando o papel social desses espaços na formação crítica de sujeitos e no fortalecimento do patrimônio cultural [Passamani & Faria, 2020]. Com a incorporação do MBML ao MEC em 1983 e, principalmente, com a sua vinculação ao Ministério da Cultura (MInC) em 1985, as discussões relacionadas à educação museal e democratização do patrimônio público passaram a ser automaticamente compartilhadas com os gestores do museu, uma vez que esse vínculo se dava por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Iphan (1986–2009) e do Instituto Brasileiro de Museus — Ibram (2009–2014), autarquias diretamente envolvidas com essas pautas.

Com o passar dos anos, na mesma perspectiva que levou Ruschi a transferir seu patrimônio à FNPM, motivou a luta pela transferência do MBML do MinC para o MCTI — isto é, a necessidade de mais investimentos e de um abrigo institucional mais apropriado à sua missão científica. Esse processo culminou na promulgação da Lei Federal nº 12.954, de 5 de fevereiro de 2014, pela qual o patrimônio do MBML foi transferido para o MCTI e incorporado à estrutura do INMA, especialmente criado para gerir esse patrimônio [Gonçalves, 2019; Sevilha, 2023].

Para além das atividades de pesquisa, o INMA busca favorecer o desenvolvimento da popularização científica com os visitantes agendados ou espontâneos, por meio de atividades como monitorias, oficinas, feiras científicas e exposições. O atendimento ao público e ações recreativas são desenvolvidos pelos recepcionistas, assim como pelos pesquisadores vinculados à instituição [Instituto Nacional da Mata Atlântica, 2021]. Eventos como a Semana da Mata Atlântica de Santa Teresa e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia são idealizados e executados principalmente por pesquisadores-bolsistas, como parte dos seus planos de trabalho.

Durante a pandemia da Covid-19, a visitação foi suspensa, sendo oferecidas algumas atividades online27 e restabelecida em setembro de 2021.28 Atualmente, o MBML desenvolve melhor o seu potencial como espaço não formal de educação, uma vez que, além de investir em infraestrutura mais adequada e pessoal alocado exclusivamente para o atendimento ao público, há ações deliberadas por parte da gestão, de professores e pesquisadores para que isso ocorra [Roldi, 2017; Roldi et al., 2019; Capucho, 2020]. A insuficiência de recursos financeiros e humanos ainda é um gargalo importante a ser vencido para a sistematização de um setor educativo nos regimentos do INMA e fundamental para a ampliação das iniciativas que já existem, explorando melhor o potencial educativo do parque.

No Plano Estratégico do INMA 2021–2030, a gestão sinaliza a necessidade de um grupo permanente de pessoas responsáveis pelo planejamento e coordenação de atividades de educação, divulgação científica e comunicação pública da ciência produzida na instituição, assim como o envolvimento de todos os seus pesquisadores nessas atividades. Afinal, a promoção e valorização da biodiversidade da Mata Atlântica e o engajamento social em ações de conservação e restauração do bioma é o terceiro objetivo do referido plano, com foco no ensino fundamental [Instituto Nacional da Mata Atlântica, 2021].

Outras estratégias para atingir esse propósito são elencadas no plano estratégico como: (i) contribuir para a formação continuada de professores em relação à ciência e conservação da Mata Atlântica; (ii) fomentar a produção de material didático baseado em resultados de pesquisas desenvolvidas no INMA; (iii) oferecer visitas guiadas ao parque do MBML para alunos e professores do ensino fundamental, com uma abordagem pedagógica diferenciada, por meio de diferentes percursos temáticos; e, (iv) fazer um levantamento do perfil do público visitante, buscando adequar roteiros, abordagens e temas [Instituto Nacional da Mata Atlântica, 2021].

3.1.1 A visitação escolar hoje: um recorte para análise

Mano et al. [2022] destacam a relevância de se aprofundar o entendimento sobre o público dos museus e suas motivações, pois o aumento no número de visitantes e a eficácia no seu acolhimento desempenham um papel significativo na avaliação da ação sociocultural dos museus. Como vimos, o MBML, junto com a SAMBIO, intensificou sua atenção em relação ao público visitante a partir dos anos 1990–2000. Atualmente, o MBML recebe anualmente mais de 100 mil visitantes, dos quais quase 8 mil são estudantes e mais de 92 mil, visitantes espontâneos [Instituto Nacional da Mata Atlântica, 2023]. Nesse sentido, buscar conhecer o seu perfil e entender suas motivações é uma maneira de apoiar o fortalecimento e/ou direcionamento de ações pedagógicas em relação a determinados temas.

Conforme Nascimento et al. [2019], em 2013, a Secretaria de Educação do Espírito Santo (SEDU) registrou 28 solicitações de transporte escolar para visitas ao MBML, tornando-o o segundo espaço de educação não formal mais requisitado por professores da rede estadual. Uma análise realizada por Capucho [2020] mostrou que, entre 2014 e 2019, o MBML recebeu a visita agendada de 59.530 estudantes, uma média de 10 mil por ano, vinculados a 700 instituições do ensino básico, técnico ou superior, de projetos socioeducativos e de associações de educação especial e mais de 80 mil visitantes espontâneos. Seus estudos mostram, portanto, que a maioria do público que agenda visita guiada no MBML é de escolas.

Isso não mudou em 2022–2023, pois, das 143 instituições que realizaram agendamento e visitação nesse período, 133 (93%) foram escolas públicas e privadas de ensino básico que contemplam o ensino infantil, fundamental e médio. As outras instituições são escolas de ensino superior, o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo, a Secretaria Municipal de Saúde, Centro de Convivência de Idosos, Centro de Atenção Psicossocial, Centro de Referência Especializado de Assistência Social, Centro de Referência de Assistência Social, APAE, entre outros.

Diante dessa importância, analisamos os objetivos das visitas ao MBML, declarados no formulário de agendamento, buscando compreender as possibilidades de ensino-aprendizado que as escolas enxergam no museu. Identificamos 503 objetivos para as visitas agendadas, das quais 409 (81,3%) foram efetivamente realizadas e 94 (18,7%) foram canceladas. As categorias criadas para a análise desses objetivos e sua contabilização estão apresentadas na Tabela 1. Nesse estudo, cada verbo utilizado na justificativa foi considerado como um objetivo, por exemplo: “Conhecer a história de Augusto Ruschi e conscientizar sobre a importância da preservação ambiental” possui dois verbos, indicando duas ações diferentes, as quais foram contabilizadas de maneira individual no seu tema correspondente. Entre as justificativas, 48 delas apresentavam essa característica. Dessa forma, o número de visitas não é igual ao número de objetivos analisados. Nas planilhas de registro de agendamentos (2022-2023), 88 visitas agendadas não possuíam o objetivo.

PIC
Tabela 1: Categorias sobre os objetivos de visita agendada por instituições ao Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, em Santa Teresa/ES, de acordo com a tematização de Fontoura [2011]. Fonte: Autores, 2025.

A categoria “Biodiversidade e Conservação” aparece com a maior porcentagem (30%, n=152) e contempla conhecer a diversidade de animais e plantas endêmicos do estado do Espírito Santo ou do Bioma Mata Atlântica, além de promover debates sobre preservação, conservação da biodiversidade e Unidades de Conservação. Conforme Souza e Marandino [2024], a biodiversidade e a conservação são conceitos amplos que integram não apenas aspectos científicos, mas também dimensões sociais e políticas. Museus de ciências, jardins botânicos e zoobotânicos, historicamente envolvidos na pesquisa e divulgação sobre biodiversidade, têm um papel relevante na mediação desses saberes, especialmente por possibilitarem o acesso ao conhecimento validado pela ciência e legitimado socialmente.

Na segunda categoria, “História e Cultura” (26%, n=128), busca-se conhecer a história da instituição, do seu fundador e suas edificações, bem como a cultura da cidade de Santa Teresa, com foco na imigração italiana. Essa relação histórico-cultural é forte no MBML, sendo um dos principais objetivos das mediações na instituição [Roldi et al., 2019], com destaque para a preservação da memória de Augusto Ruschi. Isso é comum em outros museus, como o Museu Nacional, cujo trabalho de mediação museal valoriza tanto o aspecto científico, quanto o sociocultural ligado à história da Quinta da Boa Vista e da família imperial brasileira [Guedes & Kellner, 2020].

A terceira categoria, “Aula prática/de campo” (22%, n=109), é um compilado de visitas técnicas, aulas de campo, aulas práticas ou visitas pedagógicas, com ou sem temas, sendo alguns das ciências naturais, especialmente da Ciências/Biologia, além da Geografia, Turismo, Física, Química, entre outros cursos. Utilizar os museus de ciências como extensão da sala de aula faz parte da prática pedagógica de muitos professores, especialmente os de biologia, que neles buscam aprofundar a relação entre teoria e prática [Krasilchik, 2019; Lima de Oliveira & Cunha de Menezes, 2021].

A quarta categoria, “Educação Ambiental” (17%, n=86), por sua vez, é a busca por atividades de educação ambiental, reflexões sobre consciência ambiental, sustentabilidade, relação entre ser humano e natureza — uma demanda recorrente em um mundo de mudanças climáticas, diante das quais se faz cada vez mais necessário uma abordagem ambiental “crítica e transformadora” [Van Lonkhuijzen et al., 2022].

A quinta categoria criada, “Lazer e socialização” (2%, n=11), está relacionada a ações que visam um momento de lazer explícito, socialização, integração da equipe, reabilitação social e ações para socioeducandos. Essa dimensão dos museus como espaços de convivência e bem-estar tem sido reconhecida em estudos, que destacam a importância de ambientes museais inclusivos e acessíveis, promovendo interações sociais significativas entre os visitantes [Marandino, 2005; Felipe, 2021; Instituto Brasileiro de Museus, 2023].

Por fim, a categoria “Ações/projetos do INMA” (3%, n=17) abrange visitas decorrentes de ações específicas do INMA, como exposições, feiras e mostras para a popularização da ciência ou em decorrência de suas atuações nas escolas. Como o nicho de atuação do INMA relaciona-se à biodiversidade, conservação e educação ambiental, é quase natural que esses temas sejam trabalhados nas visitas, e que instituições escolares procurem o espaço para abordá-las de forma contextualizada.

Esses dados corroboram análises que apontam o museu como um espaço que pode complementar o currículo escolar e proporcionar uma aprendizagem significativa aos alunos [Marandino & Ianelli, 2012; Krasilchik, 2019; Cabral & Guimarães, 2020; Lima de Oliveira & Cunha de Menezes, 2021]. Por meio do contato direto com objetos autênticos, imersão em ambientes temáticos e interação com exposições, os museus possibilitam a construção de memórias duradouras e o desenvolvimento do senso crítico [Studart, 2005; Marandino & Ianelli, 2012].

Entretanto, a visita ao museu, muitas vezes limitada a um curto período de tempo, exige estratégias para maximizar o tempo disponível e garantir o engajamento dos alunos com os conteúdos [Studart, 2005]. Para muitos alunos de escolas públicas, a visita promovida pela instituição escolar é a única oportunidade de acesso a esse tipo de produção ou patrimônio cultural [Cabral & Guimarães, 2020; Mano et al., 2022]. Diante do grande número de visitantes registrado no parque do MBML e do anseio formativo buscado por escolas e outras instituições, surge a pergunta: como transformar esse interesse espontâneo em conhecimentos e atitudes favoráveis à Mata Atlântica?

Tradicionalmente, o MBML oferecia basicamente um tipo de roteiro para visitas guiadas com enfoque na história do museu e de Augusto Ruschi, o que atende os objetivos representados na segunda categoria das motivações. Esse tipo de roteiro foi criticado por Roldi et al. [2019] por representar uma transmissão passiva de informação, baseada em um texto pré-estabelecido e, muitas vezes, engessado.

Esse tipo de comunicação em museus, segundo Seibel-Machado [2009], é característico da categoria informacional. Na análise da autora, essa abordagem incorpora elementos de diversos modelos teóricos, como o modelo de transmissão de Hooper–Greenhill [1994], os modelos de déficit e contextual de Lewenstein [2003] e os modelos tradicional, da redescoberta e tecnicista descritos por Fahl [2003]. É caracterizada por prezar pela ênfase na informação científica e na sua transmissão, centrando-se no transmissor ou no processo comunicativo. O conhecimento é entendido como acumulativo proveniente da experiência que a ciência é neutra e detentora da verdade.

Desta forma, é necessário desenvolver roteiros alternativos, dinâmicos e específicos para atender a diferentes públicos e objetivos. Alguns estudos nesse sentido foram realizados por: (i) Roldi e Silva [2017], com o guia “A escola vai ao museu: proposta investigativa para o ensino de biologia no Instituto Nacional da Mata Atlântica”, com variados temas; (ii) Lima e Amado [2019], com o “Guia didático de trilha interpretativa acústica no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA); (iii) Alves [2019], com a construção de um guia sobre as abelhas sem-ferrão do parque do MBML; e, (iv) Fabri Junior et al. [2021], com o guia “Tem química no museu? Guia didático para o ensino de química no Museu de Biologia Professor Mello Leitão”.

Contudo, essas ações dependem de empenho e envolvimento da instituição. No plano estratégico do INMA, várias iniciativas dessa natureza foram idealizadas, o que mostra uma preocupação da instituição nesse sentido. Com efeito, uma dessas iniciativas começou a se concretizar em 2024, a partir do esforço de capacitação prática da equipe de recepção, mediante a realização de visitas a outras instituições museais e consequente exposição de seus membros a diferentes estratégias de mediação, além da ampliação de seu conhecimento sobre as pesquisas realizadas no INMA, por meio de sua participação em palestras e seminários internos. Certamente, a sociedade e a Mata Atlântica serão fortemente beneficiadas quando esses esforços incipientes frutificarem em uma mediação mais dialógica, crítica e dinâmica.

4 Considerações finais

O MBML, sede do INMA, oferece ao público um parque zoobotânico, com edificações históricas que preservam a memória de seu fundador, além de atividades recreativas, de divulgação da ciência e exposições. Assim, configura-se como um espaço privilegiado para ações educativas, recebendo visitantes que buscam lazer e, especialmente, público escolar em busca de aprendizado.

Desde a sua fundação, cursos e conferências oferecidos por Augusto Ruschi destacavam a relevância do MBML no contexto educativo da época. Após sua gestão, essas e outras atividades se intensificaram, com atenção voltada ao público. Apesar de Ruschi priorizar a pesquisa científica, seu museu foi apropriado política e socialmente como um espaço de turismo, lazer e conhecimento, a ponto do atendimento ao público se tornar uma demanda estatal, levando à ampliação da infraestrutura e da equipe com a sua transformação em instituição pública em 1983. Nesse contexto, o governo do Espírito Santo e a administração municipal de Santa Teresa enfatizavam seu potencial como polo turístico e patrimônio local, respectivamente. O município, em particular, reivindicava a utilização do museu como espaço educativo e cultural voltado, principalmente, às crianças e estudantes da região.

Essa disputa de interesses não apenas evidencia os diferentes entendimentos sobre a função de um museu, mas também coloca em pauta uma questão central: como a sociedade se apropria desses espaços? No caso do MBML, a forte participação da sociedade civil nesse processo demonstra que os museus não são meros depositários de coleções, mas sim arenas de disputas simbólicas e políticas, onde se negociam identidades, memórias e projetos de futuro. Essas características dialogam com a gênese e a evolução dos museus de ciência, que cada vez mais assumem um papel educativo e de mediação entre o conhecimento científico e o público.

No caso do MBML, a atuação da Câmara de Santa Teresa e da SAMBIO reforça, ainda, a sua importância como local de educação não formal, especialmente no que diz respeito à educação ambiental. Essa perspectiva amplia a relação museu-escola, favorecendo o enriquecimento cultural e a aprendizagem de estudantes e visitantes. Nesse sentido, o MBML se insere em um movimento mais amplo de redefinição dos museus como espaços dinâmicos, participativos e comprometidos com a formação cidadã e a sustentabilidade.

Com relação aos objetivos que levam o público a explorar os museus de ciências, a análise do histórico do MBML, desde sua fundação em 1949 até os dias atuais, revela uma mudança no perfil e nas expectativas dos visitantes, bem como no posicionamento das gestões do MBML perante o assunto. Inicialmente, o museu atraía (ou permitia), principalmente, pesquisadores e acadêmicos, refletindo seu caráter institucional voltado para a produção de conhecimento científico. No entanto, ao longo das décadas, houve uma ampliação do público, que passou a incluir turistas, estudantes, famílias e entusiastas da natureza. No que diz respeito às visitas agendadas ao MBML, vemos o conhecimento da biodiversidade, a Mata Atlântica e sua conservação, a história e cultura de Santa Teresa, ações de educação ambiental e atividades de campo como os principais objetivos.

Transformar esses propósitos em benefícios concretos para a Mata Atlântica depende da capacidade do MBML/INMA em engajar os visitantes em iniciativas que vão além da experiência museal. Ao entender o que leva as pessoas a visitarem o museu, é possível desenvolver programas e estratégias que conectem esses interesses. A criação de atividades interativas, trilhas guiadas, oficinas e campanhas de conscientização que começaram a ganhar força no MBML após a morte de Augusto Ruschi foi transformando a visita ao museu em um possível ponto de partida para o envolvimento ativo na preservação da Mata Atlântica. Dessa forma, o INMA, por meio do MBML, pode se tornar um poderoso agente catalisador de mudanças, promovendo uma relação mais profunda entre o público e o bioma que a instituição busca proteger.

Agradecimentos

Agradecemos ao Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação, pelo recurso, ao Conselho Nacional de Pesquisa, pelo gerenciamento e ao Instituto Nacional da Mata Atlântica pela aplicação da bolsa da pesquisa de André Benaquio Galvão, desenvolvida no Programa de Capacitação Institucional (#313846/2025-1).

Referências

Alves, L. S. (2019). Conhecendo as abelhas sem ferrão do Instituto Nacional da Mata Atlântica: produção de guia didático para divulgação científica em espaço não formal [Trabalho de Conclusão de Curso, Instituto Federal do Espírito Santo]. Repositório Institucional do Ifes (RI/Ifes). https://repositorio.ifes.edu.br/handle/123456789/5461

Barros, J. (2019). Fontes históricas: introdução aos seus usos historiográficos. Vozes.

Cabral, E. C., & Guimarães, V. F. (2020). O Público Potencial Escolar do Museu da Vida: um estudo exploratório em escolas da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Ciência & Educação (Bauru), 26. https://doi.org/10.1590/1516-731320200050

Canedo, D. P., & Costa, A. (2024). A institucionalização de setores educativos nos museus brasileiros: uma análise a partir da Política Nacional de Educação Museal. Em D. P. Canedo, M. Nascimento & J. R. Severino (Eds.), Educação Museal Brasileira: reflexões a partir dos resultados da PEMBrasil (pp. 153–170). EDUFBA.

Canedo, D. P., Ponte, B., Severino, J. R., Nascimento, M., Fantinel, C., Haubert, A., & Costa, C. N. (2024). Educação museal, políticas públicas e produção de dados: revisão de literatura e análise do contexto histórico e político brasileiro. Em D. P. Canedo, M. Nascimento & J. R. Severino (Eds.), Educação Museal Brasileira: reflexões a partir dos resultados da PEMBrasil (pp. 61–88). EDUFBA.

Capucho, L. C. (2020). Os visitantes do Parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão: Uma análise do perfil de grupos agendados entre 2014 e 2019 [Relatório do projeto RIMA]. https://www.gov.br/inma/pt-br/assuntos/pesquisa-1/rede-de-compatilhamento-de-dados-e-divulgacao-da-mata-atlantica-no-estado-do-esp2013-rima/anexo_9.pdf/view

Cazelli, S., Marandino, M., & Studart, D. (2003). Educação e Comunicação em Museus de Ciências: aspectos históricos, pesquisa e prática. Em G. Gouvêa, M. Marandino & M. A. Leal (Eds.), Educação e Museu: a construção social do caráter educativo dos museus de ciências (pp. 83–104).

Cechinel, A., Fontana, S. A. P., Della, K. G. P., Pereira, A. S., & Prado, S. S. (2016). Estudo/análise documental: uma revisão teórica e metodológica. Criar Educação, 5(1). https://doi.org/10.18616/ce.v5i1.2446

Fabri Junior, R., Amado, M. V., & Sena, D. R. (2021). Tem química no museu? Guia didático para o ensino de química no Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Edifes Acadêmico.

Fahl, D. D. (2003). Marcas do ensino escolar de ciências presentes em museus e centros de ciências: um estudo da estação ciência e do MDCC [Dissertação de mestrado]. Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2003.300129

Felipe, E. T. (2021). Museus da Grande Vitória (ES): Lazer, Socialização, Possibilidades de Conhecimento e Identidade Cultural [Dissertação de Mestrado em Geografia, Universidade Federal do Espírito Santo]. Repositório UFES. http://repositorio.ufes.br/handle/10/15433

Fontoura, H. A. (2011). Tematização como proposta de análise de dados na pesquisa qualitativa. Em H. A. Fontoura (Ed.), Formação de professores e diversidades culturais: múltiplos olhares em pesquisa (pp. 61–82). Intertexto.

Gil, A. C. (2017). Como elaborar projetos de pesquisa (6ª ed. Atlas.

Gonçalves, A. S. (2019). Augusto Ruschi: notas biográficas. Comunicação Impressa.

Guedes, F. C. C., & Kellner, A. W. A. (2020). Ciência, História e Cultura: o Museu na Quinta da Boa Vista. https://doi.org/10.9789/2317-7705.2020.v8i1.234-249

Hooper–Greenhill, E. (1994). Education, communication and interpretation: towards a critical pedagogy in museums. Em The educational role of the museum (pp. 3–25). Routledge.

Instituto Brasileiro de Museus. (2023, março). Semana Nacional de Museus. https://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_Nacional_de_Museus

Instituto Nacional da Mata Atlântica. (2021, agosto 17). Plano Estratégico — INMA: 2021–2030. https://www.gov.br/inma/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/planejamento-estrategico

Instituto Nacional da Mata Atlântica. (2023, dezembro 6). Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, sede do INMA, bate recorde de público em 2023 e alcança 100 mil visitantes. https://www.gov.br/inma/pt-br/assuntos/noticias/museu-de-biologia-prof-mello-leitao-bate-recorde-de-publico-em-2023-e-alcanca-100-mil-visitantes

Jacobucci, D. (2008). Contribuições dos espaços não-formais de educação para a formação da cultura científica. Revista Em Extensão, 7(1), 55–66. https://doi.org/10.14393/ree-v7n12008-20390

Krasilchik, M. (2019). Práticas de Ensino de Biologia [4 ed. rev. e ampl., 6. Reimpr.]. ditora da Universidade de São Paulo.

Lewenstein, B. V. (2003, junho 16). Models of Public Communication of Science & Technology. https://hdl.handle.net/1813/58743

Lima, I. M. S., & Amado, M. V. (2019). Guia didático de trilha interpretativa acústica no Instituto Nacional Mata Atlântica (INMA). Edifes.

Lima de Oliveira, C. V. S., & Cunha de Menezes, J. P. (2021). O que tem no museu professor? Percepções dos estudantes do ensino médio sobre visita ao museu de ciências. Revista Prática Docente, 6(1), e022. https://doi.org/10.23926/rpd.2021.v6.n1.e22.id967

Mano, S., Cazelli, S., Dahmouche, M. S., Costa, A. F., & Damico, J. S. (2022). Museus de ciência e seus visitantes no início do século XXI: estudo longitudinal da visitação espontânea de cinco instituições da cidade do Rio de Janeiro. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 30. https://doi.org/10.1590/1982-02672021v30e3

Marandino, M. (2005). Museus de Ciências como Espaços de Educação (B. G. Figueiredo & D. G. Vidal, Eds.). Argumentum.

Marandino, M., & Ianelli, I. T. (2012). Modelos de educação em ciências em museus: análise da visita orientada. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (Belo Horizonte), 14(1), 17–33. https://doi.org/10.1590/1983-21172012140102

McManus, P. M. (1992). Topics in Museums and Science Education. Informa UK Limited. https://doi.org/10.1080/03057269208560007

Nascimento, F. N., Roldi, K., & Carvalho, L. M. (2019). Instituto Nacional da Mata Atlântica. Em M. V. Amado & L. Gilles (Eds.), Espaços potencialmente educativos do Espírito Santo: Guia prático com sequências didáticas interdisciplinares (pp. 193–204). Edifes.

Passamani, Z., & Faria, A. C. G. (2020). Da educação em museus à educação museal: ideias, políticas e metodologias no Brasil. Em L. Graeff & R. S. Constante (Eds.), Educação para as artes, para as culturas e para o patrimônio (recurso eletrônico) (pp. 44–54). Unilasalle.

Pietre, M. K. (2015). Sobre a relação entre a educação e as instituições museológicas: as ações educativas no Museu de Biologia Professor Mello Leitão, Santa Teresa ES, Brasil. Instituto Federal do Espírito Santo.

Rocon, K. A. (2017). Aprendendo sobre ambiente no museu: potencialidades educativas do Instituto Nacional da Mata Atlântica [Dissertação de Mestrado, Instituto Federal do Espírito Santo]. Repositório Institucional do Ifes (RI/Ifes). https://repositorio.ifes.edu.br/handle/123456789/244

Roldi, M. M. C. (2017). Ensino de biologia no Instituto Nacional da Mata Atlântica — INMA: um olhar para as ações mediadas [Dissertação de Mestrado, Instituto Federal do Espírito Santo]. Repositório Institucional do Ifes (RI/Ifes). https://repositorio.ifes.edu.br/handle/123456789/238

Roldi, M. M. C., & Silva, M. A. J. (2017). A escola vai ao museu: proposta investigativa para o ensino de biologia no Instituto Nacional da Mata Atlântica. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

Roldi, M. M. C., Silva, M. d. A. J., & Campos, C. R. P. (2019). Diálogo com mediadores de Museus de Ciência. Ciência & Educação (Bauru), 25(4), 983–998. https://doi.org/10.1590/1516-731320190040009

Ruschi, A. (1976). Número especial — Comemorativo do XVII Aniversário. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão.

Ruschi, A. (1979). Número especial — Comemorativo do XXX Aniversário. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão.

Ruschi, A. (1984). O Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, Série Divulgação.

Sabbatini, M. (2009). Museus e centros de ciência de quarta geração (4G) e o desenvolvimento sustentável: um mapa possível para a confluência entre divulgação científica e comunicação e extensão rural. XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicaçã. http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-1398-1.pdf

Santilli, J. (2005). Socioambientalismo e novos direitos: proteção jurídica à diversidade biológica e cultural. Fundação Peirópolis.

Seibel-Machado, M. (2009). O papel do setor educativo nos museus: análise da literatura (1987 a 2006) e a experiência do museu da vida [Tese de Doutorado em Ensino e História das Ciências da Terra, Universidade Estadual de Campinas]. Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp.

Sevilha, F. (2023). A luta por um museu público da mata atlântica: história, memória e identidade do museu de biologia prof. Mello Leitão (1984–2014). Estudos Históricos (Rio de Janeiro), 36(80), 392–411. https://doi.org/10.1590/s2178-149420230303

Souza, M. P. C. d., & Marandino, M. (2024). De que formas temas complexos como biodiversidade e conservação são abordados em exposições de imersão? JCOM América Latina, 7(01). https://doi.org/10.22323/3.07010205

Studart, D. C. (2005). Museus e famílias: percepções e comportamentos de crianças e seus familiares em exposições para o público infantil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 12(suppl), 55–77. https://doi.org/10.1590/s0104-59702005000400004

Valente, M. E., Cazelli, S., & Alves, F. (2005). Museus, ciência e educação: novos desafios. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 12(suppl), 183–203. https://doi.org/10.1590/s0104-59702005000400010

Van Lonkhuijzen, D. M., Vargas, I. A. d., Zanon, A. M., & Wiziack, S. R. d. C. (2022). Educação Ambiental e museus: janelas epistemológicas do passado, presente e futuro. Interações (Campo Grande), 617–634. https://doi.org/10.20435/inter.v23i3.3435

Notes

1. Disponível no site do Instituto Nacional da Mata Atlântica — INMA: https://www.gov.br/inma/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/visitacao-2.

2. Entrevista de Tabacow para Abilio Guerra, na Revista Entrevista, em 7 de outubro de 2006.

3. Boletim de ocorrência emitido pelo delegado municipal Moacyr Pretti, 5 nov. 1976, AAR, Série 3, subsérie 3.2, sem codificação (s. c.).

4. Carta de Augusto Ruschi a Crawford H. Greenewalt, 21 março 1979. AAR — Série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

5. Estatuto do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão publicado no diário oficial em 01/10/1955. AAR — Série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

6. BMBML — Edição especial de aniversário — XXVII, 1976.

7. Relação de presentes na visita da primeira-dama, Lucy Geisel e recorte do jornal “A Tribuna”, 12 jun. 1976. AAR — Série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

8. Carta de Ruschi para Fernando Eduard Lee, 1 dez. 1969. AAR — Série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

9. Carta de Augusto Ruschi para o Diretor do Clube de Vitória, 10 set. 1969. AAR — Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

10. Destaque nosso. Carta de Augusto Ruschi ao diretor da Escola de 1º Grau "Luduvico Pavoni", 31 out. 1975. AAR — Série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

11. Ofício 134/1961 de 10 set. 1961 enviado por Augusto Ruschi para Bolivar de Abreu, Secretário de Educação e Cultura do estado do Espírito Santo. Série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

12. Ofício nº 171/69 emitido por Augusto Ruschi para Christiano Dias Lopes Filho, Governador do Espírito Santo, 30 abr. 1969. AAR — Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

13. Destaque nosso. Ofício nº 171/69 emitido por Augusto Ruschi para Christiano Dias Lopes Filho, Governador do Espírito Santo, 30 abr. 1969. AAR — Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

14. Dossiê sobre visitação pública e polo turístico. AAR — Série 03, subsérie 3.2 (s. c.).

15. Recorte do Jornal “ A Tribuna” de 10 jul. 1975. AAR — Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

16. Recorte do Jornal “ A Gazeta” de 28 jul. 1975. AAR — Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

17. Recorte do Jornal “ A Gazeta” de 11 out. 1975. AAR — Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

18. Recorte de jornal, escrito por Mário Sérgio Loureiro, sem data. Série 03, subsérie 3.2, (s. c.).

19. Cf. A. Ruschi. Orçamento para a conclusão da infraestrutura do parque e do pavilhão para visitação pública, 3 jun. 1985, AAR, s. c. Para mais informações sobre a referida transferência, ver Sevilha [2023].

20. Destaques nossos. Discurso da Vereadora do PDS, Maria Cleuza Fardim Magalhães, na Câmara Municipal de Santa Teresa, em 05 março 1985. AAR, série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

21. Ofício 15/85 emitido por Augusto Ruschi em 11 abr. 1985. Resposta de Augusto Ruschi a Irapoan Cavalcanti sobre o pronunciamento da vereadora Maria Cleuza Fardim Magalhães. AAR, série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

22. Discurso do vereador Alcir Evangelista dos Reis na Câmara Municipal de Santa Teresa, em 16 abr. 1985. AAR, série 3, subsérie 3.2, (s. c.).

23. Regimento Interno do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, de 16/07/1987. AMBML.

24. Entrevista de Tabacow para Abilio Guerra. Revista Entrevista, em 7 out. 2006.

25. O Polo de Educação Ambiental da Mata Atlântica integra um programa iniciado em 1992 com a união de seis instituições capixabas atuantes em educação ambiental. Esse esforço surgiu no contexto do Programa de Proteção à Floresta Atlântica, criado pelo Governo do Espírito Santo em 1987, e tem como objetivo descentralizar ações educativas voltadas à preservação ambiental, respeitando as características regionais e atendendo às demandas das comunidades locais. Entre os polos fundadores estão o MBML, o Projeto Tamar, o Mosteiro Zen de Ibiraçu e instituições de ensino técnico.

26. A Sociedade dos Amigos do Museu Prof. Mello Leitão — SAMBIO é uma associação civil de direito privado sem fins lucrativos que visa, sobretudo, apoiar as atividades do museu, principalmente em educação ambiental e difusão científica sobre a biodiversidade da Mata Atlântica.

27. Relatório do Termo de Compromisso de Gestão 2020 –– INMA/MCTI. 2021d. Disponível em: https://www.gov.br/inma/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/relatorio_anual_tcg_2020.pdf.

28. Portaria INMA nº 63, de 26 ago. 2021. Acessível pelo link: https://www.gov.br/inma/pt-br/acesso-a-informacao/portarias/portaria-inma-no-63-de-26-de-agosto-de-2021.

Sobre o autores

André Benaquio Galvão é licenciado em Ciências Biológicas (IFES-Santa Teresa) e em História (Unicesumar), especialista em Educação e Divulgação em Ciências (EDIV-IFES Vila Velha). Atualmente, é pesquisador bolsista (modalidade PCI-DD) pelo Programa de Capacitação Institucional do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), desenvolvendo pesquisas e ações nas áreas de História da Ciência, Educação Patrimonial e Difusão de Arquivos. Possui especial interesse em educação não formal, espaços não formais de ensino, alfabetização científica e divulgação científica.

E-mail: galvao.ab@gmail.com

Isabela Maria Seabra de Lima é bacharel e licenciada em Ciências Biológicas (UERJ), especialista em Educação e Divulgação em Ciências (EDIV-IFES Vila Velha), mestre em Oceanografia (PPGOCN-UERJ) e doutora em Ecologia e Evolução (PPGEE-UERJ). Atuou como pesquisadora do Programa de Capacitação Institucional MCTI no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) e bolsista DTI-A do Instituto Nacional de Ciência Cidadã (INCC). É professora da Secretaria de Estado da Educação do Espírito Santo — SEDU. Atua em ciência cidadã, alfabetização científica, divulgação científica e bioacústica de cetáceos.

E-mail: isabelaseabra.lima@gmail.com

Alyne dos Santos Gonçalves é graduada, mestre e doutora em História pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). É pesquisadora do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA/MCTI), onde desenvolve projetos de preservação, organização e difusão de arquivos pessoais de cientistas. Dedica-se a pesquisas nas áreas de História Ambiental e História das Ciências. É autora das obras "Augusto Ruschi: notas biográficas" (2019) e "A Militância Ambiental de Augusto Ruschi: práticas científicas e estratégias políticas para a conservação da natureza no Brasil" (2021).

E-mail: alyne.goncalves@inma.gov.br