1 Introdução
Nos primeiros meses da pandemia de SARS-CoV-2, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que, além da crise sanitária, lutávamos contra uma “infodemia”. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), esse fenômeno deve ser entendido como um “excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando a pessoa precisa” [Organização Pan-Americana da Saúde, 2020 , p. 2]. Em tal circunstância, é possível que a disseminação de mentiras, boatos e dados imprecisos também aumente. No caso de uma crise sanitária, a infodemia acaba dificultando o controle epidemiológico e sanitário. Então, como atenuar fenômenos como este?
John Zarocostas [ 2020 ], em artigo para o The Lancet , comentou alguns esforços da OMS realizados junto às redes sociais. Um deles é direcionar o usuário a fontes confiáveis, como o site da própria OMS, ou do ministério da saúde do país. Isso acontece quando o internauta procura por palavras como “covid-19” ou “coronavírus” nas redes. Entretanto, essa estratégia tem as suas limitações: em países nos quais os órgãos de saúde ou as governanças são “negacionistas”, onde encontrar fontes idôneas de informação?
Com o cenário brasileiro em mente, buscamos analisar a atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a pandemia de SARS-CoV-2. Consideramos dois pontos: sabendo que os pronunciamentos do Presidente reverberam na imprensa nacional (e, por vezes, na mundial), Bolsonaro ajudou a agravar a infodemia sobre o novo coronavírus no Brasil? E, mais, é possível classificá-lo como um “agente espalhador de desinformação”, considerando especificamente os possíveis tratamentos da covid-19?
Para tal análise, fizemos um levantamento das postagens do perfil oficial de Jair Bolsonaro no Twitter e no Facebook referentes a algumas drogas do chamado “tratamento precoce”, um conjunto de remédios que teria ação contra a covid-19. Em nossa pesquisa, nos debruçamos especificamente sobre a cloroquina, a hidroxicloroquina, a azitromicina e a ivermectina. Além desse levantamento quanti-qualitativo, coletamos ainda dados da plataforma Google Trends (GT). Em síntese, buscamos analisar possíveis correlações entre as postagens de Bolsonaro sobre o tratamento precoce e os picos de busca por esses termos no Google. Os dados levantados nos permitem inferir que a infodemia e as redes de desinformação são emaranhadas e nem sempre é possível explicá-las a partir de um único ator.
2 Infodemia e desinformação: diferenças conceituais
Nos primeiros meses da pandemia de SARS-CoV-2, houve grande preocupação com a intensa divulgação de informações, verídicas e falsas, que começava a confundir as pessoas e a dificultar o controle da pandemia do novo coronavírus. É a chamada “infodemia”. Vaezi e Javanmard a definem da seguinte forma: “rápido espalhamento de todos os tipos de informação a respeito de um problema de tal modo que a solução fica ainda mais difícil” [Vaezi e Javanmard, 2020 , p. 1, tradução própria].
Note-se que, embora seja confundida com a desinformação, na infodemia não são apenas boatos e mentiras que circulam mais; a produção de informações checadas e apuradas, como as jornalísticas e as científicas, também tem um crescimento exponencial. Poderíamos pensar na pandemia informacional como um festival de música com vários palcos e atrações em que artistas dos mais diversos estilos e mesmo leigos em música resolvessem tocar, todos juntos, na mesma hora. Nesse cenário, ficaria muito difícil de distinguir as canções dos ruídos, os músicos dos leigos. Na infodemia, de forma paralela, há uma intensa divulgação de dados e informações que faz com que o público tenha mais dificuldade para discernir sobre a falsidade ou a veracidade dos acontecimentos.
É importante reforçar que esse fenômeno não é restrito à Ciência ou à Saúde. No entanto, eventos infodêmicos são especialmente significativos quando consideramos essas áreas, uma vez que o público tem um menor domínio sobre os temas, e, ao mesmo tempo, sente mais ansiedade ao debatê-los [Henriques, 2018 ]. Observamos ainda que a “infodemia” não é, em si, um acontecimento novo. A novidade talvez seja, precisamente, os diferentes meios em que pode ocorrer, como a internet e, mais especialmente, as redes sociais.
Essas redes têm uma estrutura que favorece a rápida produção e circulação de dados: qualquer usuário pode ser um produtor de conteúdo; a produção não está mais centralizada na figura de jornais/jornalistas, por exemplo. E essa informação é compartilhada de forma extremamente rápida. Mais do que contribuir para a pandemia informacional, diversos pesquisadores têm se debruçado sobre o papel das redes sociais na disseminação de desinformação , um fenômeno que é conhecido popularmente como “fake news”.
2.1 Desinformação: breves considerações conceituais
Allcott e Gentzkow definem as “fake news” como “artigos noticiosos que são intencionalmente criados , comprovadamente falsos , e que podem confundir os leitores” [Allcott e Gentzkow, 2017 , p. 213, tradução própria, grifos nossos]. Raquel Recuero e Anatoly Gruzd têm uma leitura próxima à dos autores estadunidenses. Para eles, as características fundamentais das fake news são: “a falta de autenticidade e seu propósito de enganar” [Recuero e Gruzd, 2019 , p. 32]. Ou seja, é uma ocorrência que está relacionada à falsidade (total ou parcial) de um dado cujo objetivo é ludibriar as pessoas.
À inautenticidade e ao propósito do logro, Recuero e Gruzd acrescentam um terceiro elemento: a imitação da narrativa jornalística. Os agentes da desinformação “copiam” o formato, a linguagem, o estilo jornalístico, na tentativa de obter certa credibilidade. Para os autores: “As fake news, assim, tomariam emprestado do jornalismo, pela emulação de seus padrões de linguagem, a credibilidade e a legitimidade para a narrativa falsa que propagam, apoiando-se em sua função social” [Recuero e Gruzd, 2019 , p. 33].
Juliana Alcantara e Ricardo Ribeiro Ferreira usam o termo “desinformação” e eles o definem como
conteúdo impreciso ou manipulado, que é disseminado intencionalmente ( …), incluindo não apenas conteúdos inteiramente fabricados, mas também os conteúdos falsos por conceção e a combinação de dados falsos e verdadeiros, em múltiplas nuances ( …) [Alcantara e Ferreira, 2020 , p. 141].
Portanto, para esses autores, diferentemente dos supracitados, os dados desinformativos têm a intenção do logro, mas a inautenticidade não é a característica mais determinante, pois é possível que tenham algum nível de veracidade. Ou seja, dados desinformativos podem conter fatos e acontecimentos verídicos, mas que foram distorcidos e/ou descontextualizados.
Alguns autores preferem chamar essa informação que distorce algum dado verídico de “enganosa” (“misinformation”). Em 2006 , Bernd Carsten Stahl havia sugerido algumas diferenciações entre desinformação e as informações enganosas. Segundo o autor, ambas carregam em si dados incorretos, mas no caso da misinformation o erro não é proposital, não há intencionalidade de enganar como acontece na desinformação. Marianna Zattar tem uma percepção muito próxima a de Stahl. Para ela,
há que se diferenciar a ideia de disinformation (desinformação) e misinformation (informação equivocada), pois embora as suas respectivas definições se refiram às informações falsas, a primeira destaca as ações que procuram propositalmente falsificar uma informação com o objetivo de enganar as pessoas [Zattar, 2017 , p. 288, grifos nossos].
Então, enquanto a desinformação é um dado total ou parcialmente falso cujo objetivo é provocar o engano do público, as informações equivocadas podem conter algum erro ou imprecisão que não foram intencionalmente criados. Dessa forma, o conceito de misinformation poderia ser aplicado até mesmo à atividade jornalística, por exemplo, quando um dado não é adequadamente checado e, mesmo assim, é noticiado.
2.2 Desinformação na área da saúde
Pensando no contexto da desinformação na área da saúde, Cláudio Maierovitch Henriques lembra que as
informações equivocadas podem levar a diversos comportamentos e atitudes geradores de risco, seja pela indução ao uso de tecnologias inadequadas, como medicamentos e vacinas sem indicação, ou, no outro extremo, pela recusa a tecnologias e medidas de proteção necessárias ou ainda pela desorganização que provocam nos serviços de saúde [Henriques, 2018 , p. 11, grifos nossos].
Ou seja, as consequências da desinformação impactam a saúde coletiva. Na atual pandemia, temos percebido que a desinformação se concentra nos dois polos levantados pelo autor. Em uma ponta, temos a “indução do uso de tecnologias inadequadas”, com o “tratamento precoce” que recomenda a utilização de drogas sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19. Na outra, há a “recusa de tecnologias e medidas de proteção”, como a rejeição ao uso de máscaras e o repúdio a medidas de isolamento social. Além disso, é crescente o movimento “antivacinação” no Brasil. Em ambas as situações, é possível evocar a figura do Presidente da República, Jair Bolsonaro.
A seguir, buscamos demonstrar se Bolsonaro pode ser visto como um agente causador da infodemia e se é possível classificá-lo como um agente espalhador de desinformação. Antes disso, porém, fazemos algumas ponderações sobre o Google Trends.
3 Google Trends: algumas considerações sobre os usos da ferramenta
O Google é a principal ferramenta de pesquisa online de internautas espalhados ao redor do mundo. Desde 2004 a gigante de tecnologia estadunidense fornece uma ferramenta, o Google Trends (GT), que permite acompanhar os termos, tópicos e as notícias mais procurados no Google. Os “dados do Google Trends podem ser utilizados para medir o interesse de pesquisa em um tópico, em um lugar específico e/ou com relação a um período de tempo particular” [Google News Initiative, s.d. ].
O Google Trends não fornece os dados absolutos de buscas. Ou seja, não sabemos, a quantidade absoluta de vezes que um termo ou assunto foi buscado no Google [Knipe et al., 2021 ; Effenberger et al., 2020 ]. A informação que podemos obter é que, em determinado momento, em determinada localização, um termo foi mais ou menos pesquisado. Em outras palavras, podemos ver a tendência de buscas e se a popularidade de um termo aumentou ou diminuiu ao longo de um período.
Os dados fornecidos pelo Google Trends são apresentados em um gráfico cujos valores “são normalizados e, então, indexados, em uma escala de 1–100” [Google News Initiative, s.d. ]. Segundo a empresa, a normalização é um cálculo que considera uma fração das buscas “gerais” no Google (tudo que foi pesquisado no Google naquela região, naquele período de tempo) e uma fração das buscas , no Google, por um termo, tópico ou notícia específicos : “os dados do Google Trends são retirados de uma amostra randômica e imparcial das pesquisas feitas no Google”.
Knipe et al. observam que o volume relativo de buscas, valor que o Google Trends fornece para indicar a tendência de pesquisa, é
primeiro normalizado dividindo cada ponto de dados pelo total de pesquisas para o intervalo de tempo e área geográfica especificados. O número resultante é então indexado, onde 100 é o interesse de pesquisa máximo para o tópico durante aquele tempo naquele local [Knipe et al., 2021 , p. 6, tradução própria].
Note-se que o Google não revela sobre quais valores faz a normalização e a indexação. Cervellin, Comelli e Lippi entendem que esta “é, portanto, inerentemente arbitrária e não-absoluta” [Cervellin, Comelli e Lippi, 2017 , p. 186, tradução própria]. Por isso, defendem esses autores, os dados do Google Trends devem ser interpretados com ressalvas, especialmente quando se buscam correlações diretas entre pesquisas no Google e acontecimentos relevantes do ponto de vista da saúde pública. Esse uso do Google Trends tem se popularizado e esses estudos utilizam a metodologia chamada de infodemiologia . Para autores como Eysenbach [ 2011 ], é possível estabelecer uma correlação direta entre o que as pessoas pesquisam no Google sobre saúde e fenômenos sanitários, como gripes e mesmo pandemias.
Mas esse método tem sofrido inúmeras críticas. Autores como Cervellin, Comelli e Lippi [ 2017 ] e Szmuda et al. [ 2020 ] entendem que esta ferramenta é mais eficiente para entender fenômenos da comunicação e não de saúde pública. Para Szmuda et al., o GT é ótima ferramenta para
rastrear a disseminação de informação. Instituições nacionais ou globais devem usar o Google Trends para verificar se seus anúncios surtiram algum efeito nas pesquisas online do público. Este método também pode ajudar a identificar a circulação de informações enganosas pela internet” [Szmuda et al., 2020 , p. 390, tradução própria].
No presente estudo, os dados do Google Trends são utilizados, justamente, com o propósito de identificar a infodemia e a desinformação com relação ao chamado tratamento precoce no Brasil. Vários atores e instituições estão envolvidos nesse processo. No presente trabalho buscamos entender a atuação de um deles, o Presidente da República, Jair Bolsonaro.
4 Percurso metodológico
Para a presente análise, realizamos os seguintes percursos metodológicos:
-
Levantamento das postagens do perfil oficial do presidente Jair Bolsonaro
a respeito da cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina no
Twitter. Esse procedimento aconteceu entre os dias 4 e 12 de fevereiro de 2021.
Nessa rede social, a pesquisa foi feita com o auxílio da “Busca Avançada
> palavras”. No tópico “Conta”, inserimos o perfil oficial do Presidente.
Delimitamos o período de pesquisa aos meses de março (quando foi
decretada a situação de pandemia) a dezembro de 2020. Todas as postagens
que contivessem esses termos foram incluídas na pesquisa. Postagens que
apareceram no filtro de busca, mas sem menção aos termos pesquisados
foram retirados da amostra.
Compilamos os links dos tweets em uma tabela que consta da seção “Database investigada”. Aqui, nos valemos também de procedimentos da análise do conteúdo para resumir as publicações em tópicos de assunto. O mesmo fizemos com as publicações no Facebook.
- Levantamento das postagens de Bolsonaro a respeito dos mesmos termos no Facebook. Esse estágio da pesquisa ocorreu entre os dias 12 e 21 de maio de 2021. Na página de Bolsonaro, fomos ao índice “procurar” e inserimos os termos de pesquisa. Delimitamos o período temporal, mas como não foi possível especificar os meses, filtramos apenas pelo ano (2020). As postagens que apareceram com os filtros de busca, mas sem menção ao termos foram retirados da amostra. Houve também casos em que postagens sobre “cloroquina” não apareceram na busca pelo termo, mas apareceram na busca pela “hidroxicloroquina”, por exemplo (e vice-versa). Nesses casos, incluímos a postagem na tabela de seu termo referente, porque há a tendência de tratá-los como sinônimos.
-
Levantamento de dados no Google Trends (GT). Mantivemos a mesma
delimitação temporal que utilizamos nas redes sociais (março a dezembro
de 2020). Acompanhamos o Google Trends por uma semana (16 e 22 de
maio de 2021) para nos certificar de que os volumes de busca relativa não
oscilariam sobremaneira. Baixamos os dados referentes a cada termo. Um
gráfico de interesse relativo de buscas (para cada termo) foi gerado a partir
de recursos do Excel.
É importante mencionar que optamos pela busca de “termos de pesquisa” no Google Trends e não por “tópicos” ou “assuntos”. Optamos por essa pesquisa por dois motivos: o próprio Google Trends recomenda que a pesquisa seja feita por tópicos ou assuntos quando a análise for global, voltada para dados do “mundo todo” — e, no nosso caso, o foco é o Brasil. Ademais, não fizemos buscas casadas nas redes sociais e decidimos manter esse critério também no GT.
5 Resultados encontrados
5.1 Hidroxicloroquina
A 19 de março de 2020, uma pesquisa preliminar com hidroxicloroquina e azitromicina, feita pelo francês Didier Raoult, foi divulgada pelo ex-presidente Donald Trump como sendo a possível cura para a covid-19. Alguns dias depois, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, também repercutiu o estudo. Àquela época, não existiam evidências científicas robustas de que o fármaco funcionava como tratamento para a covid-19, mas tampouco havia evidência de que a hidroxicloroquina não funcionava.
No Brasil, entre os dias 15 e 21 de março de 2020, houve um pico de buscas no Google pelo termo “hidroxicloroquina” (Figura 1 e 2 , Tabela 1 ). Depois desse primeiro pico, as buscas no Google não voltaram a se intensificar e o volume relativo de buscas ficou estável. Há novas manifestações de interesse entre os dias 5 e 11 de abril e depois entre os dias 17 e 23 de maio de 2020, porém não há um aumento vertiginoso.
Como o pico de interesse é manifestado logo nos primeiros dias da pandemia, quando não existiam evidências sobre a eficácia/ineficácia da hidroxicloroquina, é possível inferir que, nesse período, os brasileiros estiveram mais vulneráveis à infodemia. Mas não é possível classificar as primeiras postagens sobre o remédio como desinformativas, justamente porque não havia um consenso sobre o assunto.
No caso do presidente brasileiro, em nenhum momento foram feitas ressaltavas de que a pesquisa de Raoult era incipiente para considerar o remédio a cura da covid-19. Ao contrário, no dia 25 de março, por exemplo, o presidente falou sobre a “eficácia” do remédio e que testes estavam em execução. Um dia depois, suas redes postaram sobre pesquisas em desenvolvimento nos Estados Unidos e no dia 27 comentaram sobre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberar uma pesquisa no Hospital Albert Einstein. Bolsonaro também replicou reportagem feita pela TV Record em que duas mulheres afirmaram que a mãe, diagnosticada com covid-19, havia sido curada com “hidroxicloroquina e azitromicina”.
Importante pontuar que alguns veículos de comunicação também não ponderaram, de forma clara e enfática, que a hidroxicloroquina e a azitromicina precisavam percorrer um longo processo até se provarem eficazes no tratamento da covid. 1 Logo, no caso da hidroxicloroquina, sobretudo no primeiro mês da pandemia, a própria imprensa ajudou no alargamento do volume de informações (infodemia).
5.1.1 Presidente Bolsonaro atuou na desinformação
Em junho, a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, revogou o uso oral do remédio para o tratamento da covid-19. No mesmo mês, a OMS encerrou os testes com a substância. Ou seja, começou a se formar um consenso de que a hidroxicloroquina era ineficaz para a doença em questão. Também nesse período, os pares indicaram importantes problemas metodológicos no estudos de Raoult. A partir desse momento, portanto, já é possível falar em desinformação: as postagens que falavam de um “poder de cura contra a covid-19”, na verdade, estavam ludibriando o público.
Nosso levantamento indica que Jair Bolsonaro continuou postando (sobre) e apostando na hidroxicloroquina como tratamento para o novo coronavírus. De junho a dezembro, 18 postagens foram publicadas com tom favorável ao remédio, em clara postura desinformativa. Notamos ainda que, em julho, o presidente testou positivo para o vírus e, nesse período, deu a contribuição mais contundente de desinformação: ingeriu, publicamente, comprimidos de hidroxicloroquina, dizendo que fazia parte de seu tratamento. O presidente chegou a postar um vídeo nas redes sociais em que dizia: “confio na hidroxicloroquina e você?”.
Observamos que, de março a dezembro de 2020, os perfis de Bolsonaro fizeram, pelo menos, 48 postagens com menções à hidroxicloroquina como tratamento para a covid-19. Destas, 21 foram feitas exclusivamente no Facebook. Outras 6 foram postadas apenas no Twitter. O restante foi compartilhado nas duas redes. É claro que os efeitos da infodemia e da desinformação podem ter sido mitigados com a atuação de veículos de imprensa e dos checadores de fatos. Mesmo assim, a importância do cargo de Chefe do Executivo brasileiro não deve ser subestimada e a desinformação gerada por Bolsonaro não pode ser minimizada.
5.2 Cloroquina
O levantamento de dados no Google Trends, referente à cloroquina, indica que o interesse dos brasileiros pelo termo foi crescente (Figuras 3 e 4 e Tabela 2 ). Logo nos primeiros dias da pandemia, entre 22 e 28 de março, o interesse pelo termo passou dos 50. Entre os dias 5 e 11 de abril, observou-se novo impulso de buscas e o ápice se deu em maio, entre os dias 17 e 23.
No dia 21 de março, as redes sociais de Bolsonaro falaram pela primeira vez sobre a cloroquina: em um vídeo, o presidente afirmou que o Hospital Albert Einstein monitorava a cloroquina como possível cura dos pacientes com covid-19. Nesse mesmo comunicado, ele anunciou que o Exército passaria a fabricar o remédio. Note-se que a fala de Bolsonaro aconteceu depois de 48 horas do pronunciamento do então presidente estadunidense, Donald Trump, a favor da droga. Essa “sintonia” mostra o alinhamento político-ideológico de Bolsonaro com o ex-mandatário estadunidense.
Mais uma vez, é necessário ponderar que não havia evidências científicas robustas sobre a eficácia/ineficácia da droga no tratamento da covid-19. Então, não podemos classificar essas primeiras falas como desinformativas. Mas é possível associá-las à infodemia: quando dois presidentes, de dois importantes países, falam sobre uma possível cura da covid-19 mais informação (verídica e falsa) é gerada.
No primeiro mês da pandemia, as redes oficiais de Bolsonaro fizeram 6 menções à cloroquina. O presidente chegou a afirmar que tinha “informações precisas que a cloroquina tem sido usada pelo Brasil com uma grande taxa de sucesso”. Em pronunciamento, em rede nacional de rádio e televisão, o presidente voltou a falar desses estudos: “Food and Drug Administration, FDA e o Hospital Albert Einstein buscam a comprovação da eficácia da cloroquina”, disse.
No segundo momento em que há pico de buscas no Google, entre os dia 5 e 11 de abril, Bolsonaro também publicou conteúdos em suas redes sociais. No dia 8, por exemplo, ele disse, sem citar as fontes da informação, que a cloroquina “se apresenta como algo eficaz”. Um dia depois, a 9 de abril, ele citou o Conselho Regional de Medicina do Amazonas para dizer que havia recomendação do conselho de classe para “uso da cloroquina em casos leves, moderados e mesmo graves”. A coincidência entre as postagens e o aumento de buscas aponta para uma possível influência das falas do Chefe do Executivo e o interesse de pesquisa no Google.
5.2.1 Estudos sem eficácia, pronunciamentos desinformativos
Em maio, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) desaconselhou que a cloroquina fosse utilizada no tratamento da covid-19, pois não havia evidência de eficácia. Mesmo assim, as redes oficiais do Presidente da República mantiveram-se favoráveis ao uso do antimalárico para os pacientes diagnosticados com a doença. De maio a dezembro foram 9 postagens favoráveis à cloroquina, isto é, quase 53% das postagens de Bolsonaro sobre a cloroquina foram desinformativas.
Em maio, Bolsonaro chegou a ser fotografado mostrando uma caixa de cloroquina para emas que ficam na residência oficial do presidente. O simbolismo da imagem, a “propaganda indiscriminada” da substância, foi refletida também em pronunciamentos, pois Bolsonaro continuou incentivando o tratamento precoce com o remédio, mesmo sem qualquer amparo em evidências científicas. Ao incentivar o uso de uma substância com base em opiniões e impressões de grupos de médicos, o presidente teve uma postura assumidamente desinformativa.
Gradativamente, os perfis oficiais de Jair Bolsonaro reduziram a quantidade de publicações sobre a cloroquina. Em julho, Bolsonaro, sem máscara, apareceu rodeado por pessoas em Bagé (Rio Grande do Sul) segurando uma caixa do remédio. Em agosto, ele disse que a “China recomenda uso de cloroquina contra covid-19”. Essa é uma informação enganosa (“misinformation”), uma vez que o país havia aprovado a cloroquina para uso experimental e a Comissão Nacional de Saúde chinesa havia reforçado que, mesmo com o protocolo em andamento, não havia nenhuma evidência científica a respeito da cura da covid-19 pelo remédio .
Em comparação com a hidroxicloroquina, Bolsonaro falou bem menos da cloroquina: encontramos apenas 17 postagens sobre este fármaco, das quais 7 foram postadas exclusivamente no Facebook. Nenhuma foi postada exclusivamente no Twitter. Avaliamos que o presidente teve uma postura infodêmica e desinformativa, mas em menor grau do que no caso da hidroxicloroquina.
5.3 Azitromicina
A azitromicina é um antibiótico que também constava no estudo inicial de Didier Raoult. Logo, o que falamos sobre as poucas evidências científicas a respeito do antimalárico vale também para o remédio em questão. E ainda cabem algumas ressalvas: a azitromicina é comumente utilizada para controlar infecções na pele e no trato respiratório. Assim, logo no início da pandemia, surgiram relatos de equipes médicas utilizando o medicamento para prevenir e conter infecções bacterianas de pacientes com covid. Além disso, havia alguns estudos, in vitro , que indicavam que a substância poderia atenuar a produção de citocinas (parte da resposta imunológica do organismo). Também havia debates se a substância ajudaria na produção de anticorpos, o que abrandaria a gravidade dos casos de covid. 2 Ou seja, havia uma expectativa positiva com relação à azitromicina que era proporcional ao desconhecimento científico sobre a eficácia no tratamento do SARS-CoV-2.
É importante destacar que as redes sociais de Jair Bolsonaro citaram consideravelmente menos esse remédio. Em nosso levantamento, foram apenas 9 as postagens contendo a palavra “azitromicina”. Destas, 4 foram compartilhadas no Facebook e no Twitter, outras 5 foram postadas exclusivamente no Facebook. A despeito dessa “tímida” divulgação de Bolsonaro, o Google Trends indica que o interesse pelo termo entre os meses de março e dezembro de 2020 teve, pelo menos, 5 momentos de alta. Nas Figuras 5 e 6 e Tabela 3 , mostramos que a tendência de busca pelo termo azitromicina no Brasil manteve uma estabilidade alta. O comportamento destes gráficos é substancialmente diferente dos gráficos dos remédios supracitados.
Março, quando houve o primeiro aumento no volume relativo de buscas, foi o mês em que as redes sociais do Presidente mais falaram sobre o remédio. No dia 25, foi feita declaração sobre suposta eficácia do remédio para a covid. Um dia depois, o presidente anunciou a redução de impostos de importação sobre o antibiótico que deveria ser usado em pacientes em “estado crítico”. No dia 27 de março, foi postada uma entrevista feita pela TV Record com duas mulheres dizendo que a mãe delas foi curada da covid-19 com o uso da “hidroxicloroquina e da azitromicina”. Dois dias depois, foi feita nova postagem de vídeo: outro material da Record em que um médico de Belo Horizonte disse que o protocolo de tratamento para a covid era “cloroquina e azitromicina”.
Em abril, quando houve novo aumento no volume de buscas, as manifestações de Bolsonaro foram igualmente concisas. No dia 7, foi postado um vídeo, um trecho de uma entrevista da CNN Brasil, com a médica Nise Yamaguchi, conhecida por ser favorável ao “tratamento precoce”. Nessa conversa, ela falou sobre um protocolo com o uso da azitromicina e da hidroxicloroquina.
Os dias 10 a 16 de maio são apontados pelo Google Trends como as datas em que houve mais interesse dos internautas brasileiros pelo termo azitromicina (volume relativo de buscas chega a 100). Bolsonaro, no entanto, não se pronunciou a respeito do remédio nesse período. Isso também não aconteceu quando o termo voltou a ser alvo de interesse, entre os dias 5 e 11 de julho. Nas pesquisas que fizemos sobre o termo azitromicina nas redes sociais oficiais do presidente, nova publicação a respeito só aconteceu no dia 18 de julho. Nessa data, foi publicada matéria da FoxNews sobre a suposta eficácia da hidroxicloroquina e da azitromicina.
5.3.1 Estudo brasileiro refutou eficácia da azitromicina em setembro
Em setembro, um estudo brasileiro publicado no The Lancet indicou que pacientes, em estado clínico grave, não apresentaram melhoras quando tratados com a azitromicina. 3 Logo, assim como com a cloroquina e a hidroxicloroquina, não havia evidência científica que recomendasse o uso para tratar a doença causada pelo novo coronavírus. No nosso levantamento, considerando o ano de 2020, a última postagem do presidente a respeito da droga aconteceu em 31 de dezembro, em uma live . Nessa conversa, o presidente falou que “a azitromicina tem dado certo no tratamento da covid-19”. Como já existiam evidências de que o remédio não era eficaz, podemos dizer que, nesse caso, a postagem do presidente foi desinformativa, mas esse conceito não pode ser utilizado para caracterizar as postagens antecedentes, pois, naquele momento, a incerteza da ciência era maior com relação à azitromicina.
Ressaltamos que, no fim do mês de dezembro, o volume relativo de buscas sobre a azitromicina voltou a crescer no Brasil, mas não é possível correlacioná-lo às falas de Bolsonaro. E isso vale para o volume relativo de buscas pelo termo quando consideramos todo o recorte temporal (março a dezembro), pois as postagens das redes oficiais do presidente da República com relação à azitromicina acontecem em menor número. Ele a cita menos vezes, o que é curioso se pensarmos que essa substância constava do estudo inicial de Didier Raoult.
O caso desse antibiótico exemplifica, portanto, que embora o presidente da República possa ser visto como um dos personagens mais importantes dos fenômenos da infodemia e da desinformação sobre o tratamento precoce no Brasil, não é possível compreendê-los e dimensioná-los exclusivamente a partir de suas atividades.
5.4 Ivermectina
Das quatro medicações analisadas, a ivermectina, usada para o tratamento de parasitas, foi a que menos repercutiu no Twitter e no Facebook oficiais do presidente Jair Bolsonaro. Essa postura é intrigante, pois a ivermectina foi um dos remédios mais buscados pelos brasileiros no Google. De junho a julho de 2020, as buscas pela substância tiveram crescimento de 125%, como mostra reportagem da BBC Brasil. 4
Nas redes oficiais de Bolsonaro, ao procurarmos pela palavra “ivermectina”, encontramos apenas duas publicações, ambas no Facebook. Nenhuma coincide com o pico de buscas que aconteceu entre os dias 5 e 11 de julho (Figuras 7 e 8 ; Tabela 4 ). Também não foram observadas declarações durante os meses de maio e dezembro quando o volume relativo de buscas apresentou nova elevação.
Ou seja, no caso específico da ivermectina, não é possível associar o interesse de pesquisa online dos brasileiros às declarações de Bolsonaro, pois elas foram bastante escassas durante o primeiro ano da pandemia no Brasil. Dessa forma, não podemos atrelar o processo de infodemia com relação ao medicamento em questão às falas do presidente da República. No entanto, é possível fazer algumas considerações quanto à desinformação.
Em junho, um estudo in vitro feito por pesquisadores australianos indicava que a ivermectina poderia parar a replicação do SARS-CoV-2. Esse estudo era inicial, e apesar de animador, não trazia evidências científicas robustas de que o remédio poderia ser usado em pessoas infectadas com o novo coronavírus. Mesmo assim, a ivermectina começou a ser tratada como a nova aposta contra a covid-19 e foi até distribuída por prefeitos do sul do Brasil para o uso “preventivo”. A euforia foi tal que alguns pesquisadores começaram a chamá-la de “nova cloroquina”, como mostra reportagem da BBC Brasil supracitada.
Foi nesse contexto que Bolsonaro postou um vídeo com um comentário do jornalista Alexandre Garcia, apoiador do presidente e do tratamento precoce. Garcia afirmou ter informações de pessoas que ficaram imunes ao SARS-CoV-2 depois de se medicarem com “cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina”. Importante reforçar que o jornalista não especificou as fontes de onde retirou as informação. Ou seja, não é possível saber se Garcia fez essa afirmação com base no estudo australiano, se tinha acesso a outras pesquisas, ou mesmo se inventou essa informação. Se considerarmos que Garcia fez esse comentário com base no estudo australiano, então temos a percepção de ele distorce o conhecimento que se tinha e inventa uma suposta atuação imunológica.
Lembramos ainda que alguns alertas quanto ao uso da ivermectina foram feitos em junho de 2020: a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, por exemplo, havia alertado que, pela ausência de evidências científicas conclusivas, o uso da azitromicina em pacientes com covid-19 não era recomendado. 5 E em julho de 2020, a ANVISA chegou a publicar um comunicado no qual esclarecia que a instituição não recomendava o uso da ivermectina para o tratamento do novo coronavírus, justamente pela ausência de evidências científicas que comprovassem a sua eficácia. 6 Portanto, no momento da segunda postagem de Bolsonaro, que se deu em outubro, já havia uma recomendação clara de que a substância não deveria ser utilizada como tratamento.
No dia 22 de outubro, o presidente postou um vídeo em que conversava com o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazzuelo. Naquela ocasião, Pazzuelo havia sido diagnosticado com o novo coronavírus e o presidente foi visitá-lo. Bolsonaro perguntou quais remédios o ministro estava utilizando para se tratar, ao que obteve de resposta: “cloroquina, annita e azitromicina”. Bolsonaro, então, acrescentou que a ivermectina também funcionava e Pazzuelo concordou. Logo, é possível associar essa postagem à desinformação, uma vez que é clara a intenção de Bolsonaro e Pazzuelo de ludibriar seus apoiadores quanto a um tratamento que, simplesmente, não existia e não existe.
Os dados levantados sobre a ivermectina mostram que os fenômenos da infodemia e da desinformação são complexos e nem sempre podem ser explicados a partir de um único ator, por maior relevância social que ele tenha. Como vimos, o medicamento ficou tão em voga que chegou a ser comparado com a cloroquina, mas isso não se deu por causa das ações de divulgação de Bolsonaro. Aliás, pelo contrário, a participação do presidente no caso específico da ivermectina é ínfima se comparamos com os outros medicamentos do kit covid.
5.5 Comparativo dos termos nos últimos 5 anos
A título de ilustração, para demonstrar que os acontecimentos da pandemia do SARS-CoV-2 fizeram os brasileiros procurar (mais) os termos cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, levantamos os dados referentes a esses termos com o recorte temporal de 2016 a 2021 (5 anos). A Figura 9 indica que nos primeiros meses da pandemia do novo coronavírus há um aumento vertiginoso de busca pelos termos e que, nos anos anteriores, os termos eram pesquisados, mas o interesse ficava próximo de 0.
6 Conclusões
No presente estudo, buscamos avaliar se o presidente Jair Bolsonaro ajudou a aumentar o volume de informações circulantes a respeito de possíveis tratamentos da covid-19 (infodemia) e, se nesse processo, ele poderia ser classificado como um agente desinformativo, uma vez que, do ponto de vista científico, não havia e não há evidência que o uso de algumas drogas ajuda no tratamento da covid-19.
Nosso levantamento indicou que o presidente mencionou ao menos 76 vezes os termos “hidroxicloroquina” (48), “cloroquina” (17), “azitromicina” (9) e ivermectina (2) em suas redes sociais oficiais. As postagens feitas exclusivamente no Facebook foram em maior número (35) do que as postadas exclusivamente no Twitter (6). Ao todo, foram postados 40 vídeos e 36 textos.
Procuramos mostrar que, no caso da hidroxicloroquina e da cloroquina, o presidente tanto contribuiu para a infodemia, como disseminou desinformação, uma vez que apostou nos medicamentos como possíveis tratamentos da covid-19, a despeito de órgãos importantes como a OMS e o FDA terem refutado as substâncias. Os brasileiros pesquisaram sobre esses medicamentos no Google, sobretudo nos primeiros meses da pandemia no Brasil. É possível sugerir que o presidente contribuiu para que os brasileiros se interessassem pelo termo, pois ele falou da cloroquina/hidroxicloroquina por, pelo menos, 65 vezes em suas redes sociais. E é válido lembrar que não estamos considerando as entrevistas de Bolsonaro para os veículos de comunicação que certamente dariam um quadro mais exato da contribuição do presidente para a infodemia.
Quanto à azitromicina, Bolsonaro teve uma atuação mais tímida do que nos casos supracitados. As postagens sobre o remédio foram em menor número, o que mostra que a ocorrência da infodemia é um fenômeno que depende de inúmeros atores. Mesmo assim, é possível identificar uma postura desinformativa do presidente com relação a esse medicamento, já que Bolsonaro o citou como tratamento da covid, mesmo quando alguns organismos alertaram contra o uso para esse fim.
No caso da ivermectina, é mais difícil dizer que Bolsonaro ajudou tanto na infodemia quanto na desinformação, uma vez que encontramos apenas duas postagens no Facebook do presidente citando explicitamente esse remédio. Como as publicações de Bolsonaro foram escassas e mesmo assim o Google Trends indica um interesse alto dos brasileiros pelo termo, é possível inferir que a infodemia e a desinformação a respeito desse medicamento foram geradas por outros atores e, no geral, dependem de mais atores.
Com isso, é possível concluir que, embora seja possível observar esses fenômenos a partir de um único personagem, a compreensão tanto da infodemia quanto da desinformação se faz mais completa a partir de uma análise mais global, que considere outros agentes e ambientes midiáticos.
A Database investigada
Referências
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Autor
Aniele C. A. Madacki. Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Atua como jornalista freelancer. E-mail: anieleam@gmail.com .
Notas
1 Esse comportamento é especialmente peculiar em veículos mais alinhados ao presidente Bolsonaro. Em tom otimista, a JovemPan publicou que “a cloroquina e a hidroxicloroquina apresentaram resultados positivos em alguns tratamentos de covid-19 no mundo” ( https://cutt.ly/Nk24tk1 ).
2 Para ler mais sobre essas informações, acessar https://cutt.ly/3nPZYs9 .
3 Para ler na íntegra, acessar https://cutt.ly/OnPZqCk .
4 Para acessar a matéria, seguir o link https://cutt.ly/pnPL5aS .
5 Para ler orientações da SBMFC, acessar: https://cutt.ly/DnPL2d7 .
6 Para ler o comunicado da ANVISA, acessar https://cutt.ly/onPL81T .